"-Fecha os olhos. Que horror de olhos que tens - profanos, perversos, promíscuos - que não disfarçam a vontade que têm de me ver igual a eles próprios. Tapa os olhos, por favor."
"- Amar... eu não sou capaz de amar. O que é isso, que toda a gente procura? Mas afinal chega a fazer sentido?"
Respondeu-lhe tranquila e pacientemente, apesar da dor lhe dilacerar o peito (como seria possível? Tanta crueldade implícita em cada linha; tanto desprezo, tanto egoísmo; na verdade, o amor na boca dela sabia a vinagre; na verdade, nem sabia se ela tinha culpa. Tinha, tinha de ter. Cada letra tomava a forma de espinho, cada entoação inocente era simplesmente nojenta. Mas ele desejava tanto e cada vez mais esse vinagre. Saber-lhe-ia a mel, ele transformá-lo-ia em caramelo se fosse preciso.)
8.12.10
bonito é bonito. bonito não é lindo, não é giro, não é indiferente , não é vermelho. bonito, éééééé... bonito.
se tudo fosse bonito, nada seria bonito. então para alguma coisa ser bonita, é necessário que haja coisas não-bonitas. essas são necessariamente bonitas porque contribuiram para o bonito. vamos ser bonitos e não-bonitos, para todos sermos bonitos; porque está tudo tão bem como está.
(bonito, bonito, é adormecer no sofá da cozinha)
10.11.10
a partir do momento em que está pronto, há qualquer coisa invisível que começa a morrer
24.10.10
eu não ronco, nem me mexo. adormeço e acordo como adormeci; não tem piada nenhuma mas deve ser apaziguante.
18.10.10
eu digo que não, mas penso que sim; tu dizes que sim, mas pensas que não.
eu digo que não, mas penso que sim; tu dizes que sim e pensas que sim.
eu digo que não, mas penso que sim; tu dizes que não, mas pensas que sim,