1.1.12

Morde-me as peles, os cheiros e as formas.

Sente-me toda, meia, desfeita.

Entra, destrói. Constrói.

Vai-te embora; Já chega.

21.3.11

"-Fecha os olhos. Que horror de olhos que tens - profanos, perversos, promíscuos - que não disfarçam a vontade que têm de me ver igual a eles próprios. Tapa os olhos, por favor."
"- Amar... eu não sou capaz de amar. O que é isso, que toda a gente procura? Mas afinal chega a fazer sentido?"

Respondeu-lhe tranquila e pacientemente, apesar da dor lhe dilacerar o peito (como seria possível? Tanta crueldade implícita em cada linha; tanto desprezo, tanto egoísmo; na verdade, o amor na boca dela sabia a vinagre; na verdade, nem sabia se ela tinha culpa. Tinha, tinha de ter. Cada letra tomava a forma de espinho, cada entoação inocente era simplesmente nojenta. Mas ele desejava tanto e cada vez mais esse vinagre. Saber-lhe-ia a mel, ele transformá-lo-ia em caramelo se fosse preciso.)

8.12.10

bonito é bonito. bonito não é lindo, não é giro, não é indiferente , não é vermelho. bonito, éééééé... bonito.

se tudo fosse bonito, nada seria bonito. então para alguma coisa ser bonita, é necessário que haja coisas não-bonitas. essas são necessariamente bonitas porque contribuiram para o bonito. vamos ser bonitos e não-bonitos, para todos sermos bonitos; porque está tudo tão bem como está.

(bonito, bonito, é adormecer no sofá da cozinha)

10.11.10

a partir do momento em que está pronto, há qualquer coisa invisível que começa a morrer

24.10.10

eu não ronco, nem me mexo. adormeço e acordo como adormeci; não tem piada nenhuma mas deve ser apaziguante.

18.10.10

eu digo que não, mas penso que sim;
tu dizes que sim, mas pensas que não.

eu digo que não, mas penso que sim;
tu dizes que sim e pensas que sim.

eu digo que não, mas penso que sim;
tu dizes que não, mas pensas que sim,

em mim.