"As varandas iguais, simétricas. As janelas, mais ou menos corridas, com o mesmo aspecto. Vingam as mesmas distâncias – concluindo, a mesma embalagem.
Lá dentro, o mesmo conteúdo. Volta o ciclo do visível, feito à medida. Mas já não é sobre o físico: torna-se mental, sensorial. Subjectivo ou objectivo? Objectivo, porque os trilhos estão tão bem plissados que soa ingénuo preocupar-nos com a subjectividade quando decidido, moldado e destinado parece já tudo se encontrar.
Mas então pára! Agora és cego: já não podes acusar as distâncias, as medidas, as simetrias, nem mesmo a semelhança. Não consegues perceber onde estão as escadas certas, para o andar certo; onde está a porta certa que te leva ao apartamento certo com as janelas certas e os vasos, as flores e a cadeira certos; acabaram-se os estímulos que te atrofiavam!
Aconselho-te a aproveitares os restantes sentidos para que consigas de facto subir, instalares-te e divertires-te. Afinal é a tua vida."
I should call it the modern times.
No comments:
Post a Comment