ele comia como respirava, guloso como comia.
o ar entrava; a papa era metida em montes grandes, maiores do que a própria boca.
a colher de sopa ferrugenta não aguentava tanta rodagem.
engolia com esforço e sentia a massa concentrada a escorregar pela goela como um lagarto, a cair possante no estômago.
quase que se ouviam as bactérias a atacarem aquela bola, aquela almôndega de papa.
papa alaranjada, papa saturada, papa de atirar ao tecto e não cair.
papa mole, papa que se entranhava nos espaços limitados entre os dentes, papa fácil - FÁCIL -tão mais fácil!
a tigela tinha uma racha. era da cor da papa, pensei que ele a fosse deglutir igualmente!
imaginei-o a trincar os pedaços de porcelana, partindo os seus dentes um a um, mas continuando.
os dentes quebravam como vidros frágeis. ele engolia os pedaços!
estava louco, a papa pô-lo louco, LOUCO!?
passado uma hora de movimento sistemático parou e parou e parou.
já sem dentes, a papa matou-o.
concentrei-me de novo e afinal ele ainda estava a comer papa, tinham passado apenas 3 minutos. foi o meu tempo psicológio.
aconteceu-te mesmo?
ReplyDeleteeu não sei, não estava lá, depende da cor da colher, da cor da papa, da cor dos vestimentos, da expressão do corte de cabelo... dos movimentos, por isso a isso não se responde
ReplyDeletee tu costumas ver ou foi só desta vez?
ReplyDeletesim, 5 vezes por dia ou uma por ano, não sei se costuma mas acontece...aconteceu ainda à uns tempos (:
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